domingo, 24 de janeiro de 2010

O amor que choveu

A história de uma paixão maior que o mundo

Era uma vez um menino que amava demais. amava tanto, mas tanto, que o amor nem cabia dentro dele. Saía pelos olhos, brilhando, pel boca, cantando, pelas pernas, tremendo, pelas maos, suando. (Só pelo umbigo é que não saía: o nó ali é tão bem dado que nunca houve um só que tenha soltado).
O menino sabia que o único jeito de resolver a questão era dando o amor à menina que amava. Mas como saber o que ela achava dele? Na classe, tinha mais 15 meninos. Na escola, 300. No mundo, vai saber, uns 2 bilhões? Como é que ia acontecer de a menina se apaixonar justo por ele, que tinha se apaixonado por ela?
O menino tentou trancar o amor numa mala, mas nao tinha como: nem sentando em cima o ziper fechava. Resolveu então congelar, mas era tão quente o amor, que fundiu o freezer, queimou a tomada, derrubou a energia do prédio, do quarteirão e logo o menino siu andando pela cudade escura - só ele brilhando pelas ruas, deixando pegadas de Star Fix por onde pisava.
O que é que eu faço? - perguntou ao prefeito, ao amigo, ao doutor e a um pessoalzinho que passava a vida sentado em frente ao posto de gasolina. Fala pra ela! - diziam todos, sem pensar duas vezes, mas ele nao tinha coragem. E se ela nao o amasse? E se nao aceitasse todo o amor que ele tinha pra dar? Ele ia murchar que nem uva passa, explodir como bexiga e chorar até 31 de dezembro de 2978.
Tomou entao a decisão: iria atirar seu amor ao mar. Um polvo que se agarrasse a ele - se tem 8 braços para os abraços, por que nao 4 corações para suas paixões? Ele é que nao dava conta, era só um meninos, com apenas duas mãos e o maior sentimento do mundo.
Foi até a beira da praia e, sem pensar duas vezes, jogou. O que o menino nao sabia era que seu amor era maior que o mar. E o amor do menino fez o oceano evaporar. Ele chorou, chorou e chorou pela morte do mar e de seu grande amor.
Até que sentiu uma gota na ponta do nariz. Depois outra na orelha, e mais outra no dedão do pé. Era o mar, misturado com o amor do menino, que chovia do Saara a Belém, de Meca a Jerusalém. Choveu tanto que acabou molhando a menina que o menino tanto amava. E assim que a água tocou sua lingua, ela saiu correndo para a praia, pois fazia meses que sentia o mesmo gosto, o gosto de um amor tão grande, mas tão grande, que já nem cabia dentro dela.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

e viva 2010,

era noite de ano novo, e chovia muito. ir pra praia naquele momento estava fora de cogitação, de acordo com a minha mae. pela primeira vez em 15 anos, eu nao pulei sete ondas ou dei minha oferenda pra Yemanjá. na manhã seguinte o terreno do vizinho amanheceu alagado e só se saia da minha rua se fosse remando na caixa d'água. o Jojo foi embora três dias depois, o sol voltou. meu irmao pegou a prancha do meu pai e eu chorei de raiva, minha mae brigou comigo e meu amigo mandou eu tomar vergonha na cara. eu voltei a (tentar) surfar. deu certo. na lanchonete, a noite, eu tomei suco de laranja por livre e espontanea vontade. achei melhor sair andando do que discutir pelo PS2 com o pentelho. as pessoas evoluem.
depois de muitas listas de ano novo, muitas ondas puladas, muitos presentes pra Yemanjá e muitas promessas nao cumpridas, eu descobri que nada disso realmente muda sua vida. e se eu comecei um 2010 do jeito que eu queria, sem prometer nada pra ninguém, talvez essa seja a solução. não sei. a pressão de um "ano novo, vida nova" as vezes nao é necessária. as vezes eu nao quero mudar. as vezes eu nao preciso prometer. esse é o post mais confuso que eu já escrevi, nem eu sei direito como terminar isso. é só pra constar que eu consegui, algo mudou, e eu nao precisei de nada pra isso. aliás, amanha vai ser sem lágrimas, e eu nao resisti a tentação da lentilha no ano novo. nem tudo mudou.